Plantão de Notícias será produzido em Niterói
Programa voltará ao ar em versão via internet a partir de dezembro. Os alunos do Plínio Leite já finalizaram o primeiro.
Programa voltará ao ar em versão via internet a partir de dezembro. Os alunos do Plínio Leite já finalizaram o primeiro.
Há 17 anos surgiu o Plantão de Notícias, programa produzido inicialmente em formato de rádio e peça teatral que faz uma sátira bem humorada do jornalismo e cujo espírito está ligado ao nome do radialista Maurício Menezes. Em 1999 o Plantão ganhou formato de televisão, levado ao ar pela CNT, Record e Bandeirantes. A novidade agora é que Maurício lançará em dezembro uma versão em vídeo on-line via internet, cuja produção está a cargo do curso de Comunicação do Centro Universitário Plínio Leite desde setembro.
Profissional tarimbado em anos de trabalho na Rádio Globo e no Estadão, Maurício define seu programa como um vídeo caseiro, recheado de improvisação e humor, que ele teve coragem de colocar no ar. O sucesso da fórmula foi assustador, no bom sentido. São telespectadores fiéis que cobram diariamente de Maurício que o Plantão volte ao ar. Há as dificuldades de praxe para ocupar um horário de televisão, como a falta de patrocinador, mas agora, com a mídia interativa, se abriu um novo filão que dará oportunidade de continuação do trabalho.
O sucesso do Plantão tem diversos motivos. Primeiro, um texto humorístico muito bem elaborado. Depois, uma incessante busca por momentos especiais em que a imprensa noticia algo muito exótico ou inusitado, o que acaba se tornando naturalmente engraçado. Ainda há uma boa pitada de deboche caricatural de ícones da mídia e personalidades ou tipos culturais brasileiros, como o caipira. Por fim, pode-se perceber uma equipe muito afinada e constituída em sua totalidade, por mais estranho que pareça... por jornalistas. O grupo contou com diversas configurações, tendo hoje Fernando Moreira, Hélio Júnior e Júlia Marvi. A produção executiva é de Cris Pimentel. Os jornalistas contam ainda com o reforço do excelente ator Edmundo Alvarenga.
Deste caldeirão muito peculiar nasceram os quadros do programa. Jornal dos jornais ironiza os deslizes das redações. “Nada que seja ofensivo”, diz Maurício. “Exploramos os erros que são naturais dada a própria dinâmica da profissão, os prazos, a correria”. Ele conta, por exemplo, que um radialista entra todo entusiasmado e vai começar a trabalhar dizendo ao público em seu primeiro dia de trabalho a hora certa. “São sete horas”... e olha com o rabo do olho o relógio para registrar com precisão os minutos. Para sua surpresa, descobre, então que já são 8h02. Para resolver a situação... diz então... “são 7 horas e sessenta e dois minutos”.
É com tiradas como esta que Maurício rouba o fôlego da platéia. Mas há passagens também que contam momentos dos bastidores da produção dos veículos. Ele saca do baú uma história passada em Niterói, os Causos da Imprensa.
Um grupo de jornalistas fazia um jornal cuja dobra e encarte tinham de ser feitos à mão. A melhor mesa para que se realizasse esse processo era a da reitoria, e o reitor muito simpático cedeu o espaço. Dado o adiantado da hora, porém, um dos jornalistas dorme ali munido somente das roupas íntimas e perde a hora. Na manhã seguinte, em meio ao despacho, sai de trás da mesa a figurinha carimbada.
Parodiando o jornalista Boris Casoy , o âncora do Jornal dos Jornais esbraveja que “Isso é uma Pamonha”. Outro quadro muito popular é o Samba de Terceira, onde são apresentados cantores debochados autores de letras e músicas hilariantes, entrevistados pelo personagem J. Pé Ligeiro. Em lugar do bordão “só se for agora” do Samba de Primeira, o locutor diz “só se for depois”.
Comparações com programas como Casseta e Planeta e o Pânico na TV são inevitáveis. Mas Maurício afirma que seu diferencial é construir humor a partir dos textos jornalísticos. Algumas vezes presentes ao Programa do Jô, o radialista se orgulha de dizer que a audiência somou 15 pontos. Sempre que participou do talk-show, sua entrevista foi reprisada nas melhores do ano. Desse sucesso nasceu uma experiência interessante. Maurício dava a entrevista ao Jô num canal e seu programa era exibido em outro.
Jornalistas aprovam
Os jornalistas em geral aprovam o programa porque dão risada das situações por que passam no dia-a-dia profissional. Jornalismo é muito veloz, em mídias de transmissão ao vivo como rádio e televisão o erro é mesmo inevitável.
Agora, com a internet, surge novamente o problema da velocidade do meio. Deste modo, Maurício se tornou com o tempo uma espécie de observador da imprensa, que coleciona passagens exóticas.
Outro orgulho de Maurício é o fato de que grandes comediantes passaram pelo Plantão. É o caso de Pedro Manso. O ator trabalhava como coletador de areia. Veio de Paty do Alferes. Sentou-se humildemente à frente de Maurício. E começou a fazer imitações. “Era um trabalho bruto, sem muita técnica, mas já se podia ver a veia humorística”.
Muitos humoristas começaram no Plantão
Antonio Krammer é outro que fazia assessoria de imprensa no Acre. Ele assistiu ao show de Maurício no teatro e colocou na cabeça que queria fazer aquilo. Hoje está na rádio Tupi.
Mangüaça (Márcio Fagundes) é outro ator que surgiu do acaso. Maurício viajava muito de carro e Mangüaça ia atrás fazendo piadas o tempo todo.
A grande escola de formação deste grupo é sem dúvidas a rádio. A experiência de Maurício no jornalismo foi duradoura. Fez coberturas sobre a Anistia, o fim do regime militar, a bomba do Riocentro. Cobriu os governos Geisel e Médici, a Guerra Civil na Argentina e um terremoto no México.
Mas desde criança, teve a influência do humor. Seu pai era engraçado, dono de um refinado humor inglês. Na redação Maurício começou a se destacar sempre pelas palhaçadas. Até um dia em que escreveram um artigo sobre ele dizendo que tinha na redação um humorista que estava perdendo tempo em jornal. “Foi uma grande satisfação unir humor com jornalismo”, diz Maurício. Uma das personagens mais populares de sua criação, por exemplo, era a paródia do presidente Pega Mal no Tranco., fazendo referência a Itamar Franco.
Antonio Brasil fez uma crítica do programa dizendo que ele representava a volta da inteligência à televisão.
O público do Plantão é muito variado. Mas sem dúvida, conforme diz o próprio Maurício, um dos públicos preferenciais é o dos aluno de Comunicação Social. “Um programa não recomendado para alunos de Comunicação.
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