POR: FABIO DA SILVA BARBOSA
LUIZ HENRIQUE PEIXOTO CALDAS
A associação foi fundada no dia primeiro de junho de 1991, com a idéia de unir forças para conseguir maior expressão para seus pedidos e necessidades. Atualmente conta com Valadares na presidência, eleito em 20 de Fevereiro de 2005 e com 102 associados, que colaboram com valores a partir de R$ 1,00. Essa contribuição paga o aluguel de R$200 da sede.
Um jornal que levará o nome da Associação está sendo projetado pelo presidente junto ao jornalista Jardel, que mora no lugar. As próximas eleições serão em Março de 2006 e o jornal ajudará a liderança comunitária levar a público as obras feitas durante sua gestão e a prestação de contas.
Lixo
Para cobrir toda a área das comunidades o presidente nos disse que são apenas dois garis. “Eles trabalham direitinho, mas é muito pouco para toda a localidade. Eles têm de dar conta não só da rua principal, mas dos morros e travessas. É muito trabalho. Depois que acabaram com o Gari Comunitário, todas as comunidades ficaram com a limpeza um pouco prejudicada”. O problema já foi comunicado a prefeitura, mas até agora não receberam resposta.
Em frente ao bar Bebel, depois da garagem da Viação Araçatuba, o problema se agrava. Os galões colocados não dão conta de todo o lixo jogado e fica cercado por bolsas com detritos domésticos. Mas os moradores reconhecem que muitos não colaboram. Wagner, Tiago, Ana e Henrique dizem que é fácil observar carros passando e atirando sacos de lixo. O saco na maioria das vezes não acerta o galão, caindo na rua ou no rio que passa por trás. Resultado; detritos espalhados pelas ruas, proliferação acelerada de ratos e vários insetos.
Mais adiante a rua está intrafegável. Tem uma Kombi parada a 4 anos porque o dono não tem como tira-la dali. “Só se passa de bicicleta ou a pé. Carro não tem como. Se alguém passar mal, a ambulância não consegue chegar.” Desabafou o morador Antonio Carvalho.Durante a construção do Condomínio Residencial Santa Rosa, na Rua Dr. Martins Torres n°606, a construtora iria ceder o barro retirado na obra e dar a mão de obra para manilhar a rua, o que diminuiria a erosão que a desgastou, mas segundo nos foi informado pelos moradores a prefeitura achou que a parte do material que lhe caberia iria ficar cara, não se interessando pela obra.
Dobrando a esquerda chegamos a rua Dr. Constantino Nami Kalil, onde os moradores se dispõem a melhorar a rua através de mutirões, mas não tem dinheiro para compra de material ou assistência de profissionais qualificados para orientá-los na pavimentação.
Antes de fecharmos essa edição Valadares nos ligou passando a informação que através do vereador Professor Luciano, a quem ele se refere como alguém que sempre ajudou a associação, conseguiram cento e vinte metros de tubulação para esgoto de cento e cinqüenta milímetros para resolver o problema através de mutirões.
Josi e Seu Neném são reconhecidos como os mais ativos quando o assunto é melhoria no lugar. Ajudaram a construir a escada de acesso feita pelo Coronel Loureiro, político que residiu na Martins Torres até seus últimos dias de vida. As escadas que levam a pontos mais altos estão em situação precária e já levaram pessoas a acidentes fatais.
Um exemplo de solidariedade é dado pelo prédio vizinho, localizado na rua Martins Torres 307. Além de doar sua caixa de esgoto ele doou parte de seu terreno para a construção de um campo e uma pracinha. Embora já tenham recebido visita de engenheiros e integrantes do corpo de bombeiros ainda não se tomou nenhuma iniciativa e o terreno está sofrendo com acúmulo de lixo e correndo risco de deslizamento. Quanto a isso Josi tem sua opinião: “Eles dizem que está na época das vacas magras. Ganhamos o terreno e não estamos podendo utilizar. A prefeitura podia aproveitar, dando uma área de laser as crianças daqui, que não tem nenhuma.”
Seu Neném, com 58 anos, também se expressou sobre os problemas que sofre. “Falta corrimão na escada para o pessoal de idade. É difícil trazer material de construção até aqui. Não temos acesso para carro, muito menos projeto social. Estão todos contando com a construção da pracinha e do campinho. O muro do prédio está correndo risco de cair. E teve também as casas que desabaram. O ex-presidente da associação Marinho tentou conseguir verba para ajudar, mas parece que não conseguiu.”
Barreira
Marcos de Oliveira, barbeiro e morador local nos levou por caminhos acidentados, mostrando a dificuldade das pessoas em chegar até suas casas e o esgoto facilmente observado ao sair da Inácio Bezerra de Meneses, entrando nas trilhas que levam as residências. Reclamou da obra inacabada na rua, o que transtorna a vida das pessoas com dificuldade para não escorregar na inclinada ladeira de terra e das promessas dos políticos em época de eleição. Com tristeza concluiu: “Estamos abandonados.”
Mesmo com tantos problemas, é na região administrada pela AMANTA que nasceu um bloco que está entre os mais expressivos de Santa Rosa. O Bloco Carnavalesco Um Dia Sai, que está preparando seu segundo ano de desfile com o apoio da FM O Dia, esperando receber 2.000 pessoas. O samba enredo vai ser sobre Odir, que ensinou a muitos da Martins Torres sobre a arte do samba.
O bloco foi planejado durante 5 anos. Até que durante uma carangueijada (Daí o símbolo ser um carangueijo) se resolveu o nome do bloco. “Como o bloco ficava sempre naquela de sai ou não sai, resolvemos que seria Um Dia Sai.” Contou Naldinho, um dos organizadores do bloco.
Daí por diante as coisas correram rápido. Fez-se rifa de uma caixa de cerveja para juntar dinheiro. Conseguiram apoio do Acadêmicos do Sossego, Escola de Samba do Largo da Batalha, que cedeu integrantes e instrumentos, a Araçatuba através de ofício liberaram ônibus para os instrumentos e integrantes e a cervejaria Itaipava liberou 100 caixas de cerveja para serem vendidas e arrecadar fundos.
Conseguiram alugar um trio elétrico
No dia 25 de novembro foi feita a apresentação da nova camisa e do novo samba. Dia 26 de dezembro será realizada a escolha da passista.
Entrevista com o presidente
O presidente da AMANTA, Valadares nos recebeu em sua casa com toda cortesia para falar um pouco sobre como se administra uma associação que atinge a tantos lugares e classes sociais diferentes. Nos mostrou várias fotos de obras realizadas em sua administração e nos expôs seu ponto de vista sobre alguns assuntos.
Comunidade: Geralmente as associações de moradores são mais locais, o por que de criar uma tão ampla?
Valadares: A realidade é que nossa associação atende ao mesmo número de pessoas que a maioria das outras. O nosso pensamento foi que se o Morro da Paulada fizesse uma associação, a Barreira outra, a rua Martins Torres outra, nós não conseguiríamos o peso necessário para termos nossos pedidos atendidos. A população dessa área é pequena.
Comunidade: Mas como conciliar expectativas tão diferentes? Da Professor Otacílio até o final da Martins torres são várias classes sociais? São necessidades diferentes.
Valadares: Na verdade a necessidade é uma só. Viver com dignidade. Todos terem acesso as mesmas coisas.
Comunidade: Como você faz o balanço de sua gestão até o presente momento?
Valadares: Conseguimos concluir vários projetos, como o esgoto na vila Antonio Fernandes e na Santo Elias, onde alagava e entupia em dias de chuva. Através de abaixo assinado e moradores asfaltamos a rua Otavio Land. A restauração da calçada da creche e da escola pública, com a construção de 2 rampas e a instalação de grade de proteção, melhorando o acesso para idosos e deficientes físicos, com grande ajuda da direção da escola e da creche e em parceria com a prefeitura e a clinica DERT. Também realizamos a pintura no muro da creche. Nisso então a ajuda da diretoria do colégio foi fundamental, pois eles deram o material e a mão de obra. Tenho muito a agradece-los.
Comunidade: Existe algum tipo de projeto social em andamento?
Valadares: Temos a escolinha de futebol e a capoeira. Tenho que agradecer a secretaria e ao ministério dos esportes por isso, além do grupo Gema e a ONG Visão Esperança. Tem também os cursos de técnico em máquinas de lavar roupa, eletricista residencial, refrigeração e bombeiro hidráulico que eu mesmo administro. A partir de agora toda segunda de 14:00 Hs às 16:00 Hs até 14 de janeiro o direitos humanos vai estar a disposição na associação para atender a população.
Comunidade: As pessoas estão reclamando sobre a limpeza das ruas.
Valadares: O caminhão de lixo está sempre passando e os Garis também. O problema é o número insuficiente de garis. Sempre que solicitamos os bueiros são desentupidos e as árvores podadas. Além disso, a CLIN liga uma vez por mês para saber onde há necessidade de capinar. O que estamos realizando é um trabalho de conscientização para que as pessoas mantenham o lugar limpo.
Comunidade: E o relacionamento com a prefeitura?
Valadares: A prefeitura tem colaborado muito.
Comunidade: E os problemas existentes na Alameda Tropical, antigo Morro da Paulada e na barreira? Estivemos por lá e vimos que não são poucos.
Valadares: Estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance. A associação não tem recursos financeiros, mas luta na tentativa de solucionar os problemas. Todos os moradores da Alameda já foram cadastrados no médico de família e a pavimentação na Barreira parou porque a prefeitura não tem mandado material.
Comunidade: Gostaria de acrescentar alguma coisa?
Valadares: Gostaria de agradecer muito ao grupo GEMA, ao Professor Luciano, a Emilia e a Telma. Todos estão nos dando muito apoio.
Entrevista com o ex vice-presidente
Comunidade: Por que você resolveu assumir o cargo de vice-presidente?
Paulo: Sempre tive dois objetivos em mente, denunciar e ajudar. Achei uma boa oportunidade para denunciar o que havia de errado no lugar e ajudar no que fosse possível. Durante o tempo que estive na associação procuramos a prefeitura para cobrar várias obras que estavam se arrastando há 30 anos. Através do engenheiro da EMUSA (Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento) Dr. Ney, junto a Águas de Niterói fizemos uma galeria suspensa e um coletor de esgoto na Vila Antonio Fernandes. Foi feito uma reportagem no RJ TV a pedido de uma moradora e a EMUSA veio fazer outras obras e cedeu material para obras que acabaram por não serem feitas.
Comunidade: E por que saiu?
Paulo: Por motivos pessoais e ideológicos.
Comunidade: Agora, que você pediu seu afastamento da associação, qual caminho para continuar ajudando essas pessoas?
Paulo: Hoje estou filiado ao PPS e dependendo do entendimento com o presidente do partido virei como candidato a vereador por Niterói. Sempre acreditei que ao invés de me mover por interesses pessoais apoiando pessoas de fora que não conhecem nossos problemas reais deveríamos eleger um vereador dali de dentro.
Comunidade: Até certo ponto a Rua Martins Torres está pavimentada, mas depois surge uma série de problemas, não só com a pavimentação. Por quê?
Paulo: Essa parte da rua já teve a manutenção solicitada no Governo Jorge Roberto Silveira. O engenheiro que veio na época disse que a reclamação não procedia e nada foi feito. Solicitei outro engenheiro e me mandaram um que lembro até hoje o nome dele. Lincom. Depois que fez a vistoria me informaram via telefone que a obra era cara. Agora obra cara em lugar de rico eles fazem, como fizeram no acesso da região oceânica quando caiu a ponte da estrada velha. A erosão fez com que ela chegasse ao ponto em que chegou hoje. Já caíram dois carros ali. Moram famílias que pagam impostos naquele lugar e quando precisarem de algum tipo de socorro como ambulância e carro de bombeiro fatalmente não vão ter. Nem o carro da CLIN que ia até lá consegue chegar. A rua literalmente falando acabou. Estão pondo em risco a segurança e a saúde das pessoas.
Comunidade: Hoje você não mora mais na Martins Torres?
Paulo: Meu afastamento é só predial. Tenho 43 anos de convívio no lugar, laços familiares... Seria impossível me afastar fisicamente da Martins Torres. Pelo menos uma vez por semana tenho que visitar.
Comunidade: Quanto tempo você mora na Martins Torres?
Zequinha: A 63 anos. Vim para cá quando tinha 2 anos. Morava na Tavares de Macedo.
Comunidade: Como conseguiu fazer esse bom relacionamento com todas as comunidades da região?
Zequinha: Quando viemos morar na Martins Torres, não havia água por aqui e nós tínhamos um poço. O pessoal vinha pegar água e a gente deixava. Aí fui fazendo as amizades. Era muita gente querendo água. Até hoje o poço existe.
Comunidade: Não pensa em vir como candidato?
Zequinha: Não. Larguei isso para lá. É muita covardia. O próprio cara que te apóia quando você vai ver te trai ou faz um acordo. Cansei disso.
Comunidade: O que você viu acontecer aqui de bom?
Zequinha: Muita coisa, mas se a conversa ainda for de política a resposta é nada. Nunca vi ninguém adiantar nada de importante para o pessoal daqui.
Comunidade: E de ruim?
Zequinha: Minha vida sempre foi aqui, junto com o pessoal. Nunca tive problemas.
Confira essa e outras matérias de Comunidade no Blog Comunidade Editoria.
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